Eça Pizza: a lentidão nobre dos romances oitocentistas e o mar murmura segredos antigos entre as pedras
Na Praia da Granja, onde o tempo corre com a lentidão nobre dos romances oitocentistas e o mar murmura segredos antigos entre as pedras, repousa um espaço que não é apenas uma pizzaria: é uma ode à literatura e ao sabor. Chama-se Eça Pizza — e, como o nome anuncia, não é lugar comum. É palco de uma narrativa sensorial, onde cada prato é um capítulo com aromas, texturas e significados.
Ali, a massa de pizza leveda com paciência, por longas 48 horas, como se esperasse o momento certo para se transformar em epifania. Essa espera não é apenas técnica: é também simbólica. Em tempos de pressa e superficialidade, Eça Pizza convida à contemplação. À mesa, o acto de comer readquire dignidade filosófica.
A começar por “A Relíquia” — pizza de mozzarella fior di latte, presunto de Parma DOP e raspas de limão. Um contraste harmonioso entre o salgado e o cítrico, entre a terra e o frescor, tal como os personagens do próprio Eça, ora dramáticos, ora mundanos. Dir-se-ia que é a mais sensual das opções: um sabor que não se revela logo, mas seduz com subtileza.
Mais intensa é “Ecos de Paris”, onde o chouriço português encontra o tempero cosmopolita da pimenta preta e dos orégãos, numa metáfora culinária da experiência europeia. Já “O Mandarim” transporta-nos à Ásia por via da terra: shitake, shimeji e marron salteados em azeite, finalizados com grana padano — um requinte quase taoísta.
Mas é em “Os Maias” que tudo converge: mozzarella fior di latte, cogumelos, chouriço, tomate seco temperado, manjericão, grana padano, raspas de limão e presunto de Parma DOP. Uma verdadeira epopeia em forma de pizza, para paladares exigentes que não se contentam com o óbvio.
Para os mais curiosos, há também a surpreendente “A Tragédia da Rua das Flores” — um tributo à frescura, com pesto, tomate aos cubos, burrata e manjericão. É uma celebração visual e gustativa, onde a leveza da burrata equilibra a intensidade do pesto como as relações humanas oscilam entre desejo e frustração.
E porque todo bom romance tem prelúdios e epílogos, a Eça Pizza oferece “Leitura”, um conjunto de entradas literárias: desde a focaccia perfumada com alecrim, ao “pão de alho & mozzarella”, até à refinada “tábua Eça” — um compêndio de queijos DOP, presunto e doce de abóbora.
No final, a sobremesa é o “último capítulo”. Um tiramisu delicadamente equilibrado, ou um brownie com gelado artesanal que encerra o repasto com ternura.
Se Eça escrevesse hoje sobre a mesa portuguesa, escreveria sobre este lugar. E afirmaria, talvez:
“Nada há de mais verdadeiro que o carácter de uma casa que sabe esperar pela fermentação perfeita da sua massa.”
📞 Reserva aconselhada: +351 968 085 002
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